mals

Foi um mal entendido!

Essa é uma expressão muito comum usada e ouvida em muitos meios. Quando identificada, preserva uma série de relações, amizades e confiança. Mas qual é a anatomia de um mal-entendido? Essa pergunta tem muitas respostas, a que prefiro são as formas de ver e entender o mundo baseado em experiências pessoais, valores aprendidos e crenças. Uma vez que cada um destes três aspectos é diferente e possuem milhares de variáveis, não seria possível ter as mesmas formas de ver e entender o mundo. Os “mal-entendidos” naturalmente acontecem e sempre acontecerão, ainda com um recheio de carregado de expectativas criadas de forma autônoma e independente.

Uma biografia traz uma grande riqueza única de experiências pessoais, que trazem aprendizados e apoiam a construção da sua personalidade. Dentro desta formação existe uma forma particular de interpretar a realidade. O filósofo alemão Friederich Nietzsche buscando uma saída para questões de visão de mundo disse uma famosa frase: Não existem fatos, apenas interpretações. Validando ainda mais esta questão!

O tema é um aspecto fundamental nos relacionamentos entre as pessoas. Nas visões diferentes de mundo nascem os mal-entendidos, que geram os conflitos e problemas que podem ser resolvidos através de diálogos, acordos, entendimentos que seriam uma autocomposição ou o conflito perdurar e ser criado um conflito de interesses que não foi resolvido pelos envolvidos, pois houve pretensões resistidas, gerando uma lide.

Para salvar essas questões nasce o Direito, área das Ciências Sociais Aplicadas que busca organizar as relações entre pessoas, de acordo com as normas jurídicas. Portanto, o Direito é o campo social onde se discute e delibera acerca de litígios entre as pessoas, embora os conflitos possam perdurar. E até mesmo o Direito possui seu sistema de valores, e formas de se interpretar, pois é uma operação que consiste em tornar a lei concreta em sua aplicação ao caso.

A dinâmica do direito onde alguém, a parte autora, ou polo ativo, demanda outra, parte ré ou polo passivo, confiando ao Estado obter uma decisão para problemas práticos. Neste sentido da aplicação do Direito há etapas de interpretação, onde discerne o texto a partir de determinado caso. A grande questão é que uma das partes vai ganhar e outra vai perder, de alguma forma a decisão em um caso será favorável para um e desfavorável para outro. Por isso que os acordos, de longe, são a melhor forma de buscar uma solução.

Dentro do Direito, ainda há tentativas de se resolver o litígio, através da mediação entre o caráter geral do texto normativo e sua aplicação particular, no mundo da vida. Isso acontece a partir de fórmulas linguísticas, preceitos, enunciados, disposições para formulas normas jurídicas, que estavam desvendadas nas disposições. A solução de problemas e conflitos entre pessoas é em última análise, papel do Estado que vai decidir sobre seu Ordenamento, que também tem um limite de percepção do mundo e vai pender de acordo com a interpretação.

As expectativas, formas de ver, gatilhos, experiências, crenças, são as palavras da vez para tentar explicar as formas que as pessoas interpretam o mundo. E neste sentido uma alternativa inteligente para acordos é buscar ver e entender a realidade do mundo do outro. Tarefa fácil? Nem um pouco! Pois precisamos pensar como outro pensa, compreender sua história e valores, e entender que é um campo minado das mais densas emoções e vícios humanos, e quanto maior o tempo pior, pois o tempo corrói. Este é um exercício muito difícil e duro, pois o trabalho é em nós mesmos.

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