A pandemia da Covid-19 fez o mundo torcer ao mesmo tempo por uma solução: a vacina. Atualmente, ao menos seis estão sendo produzidas em locais como Inglaterra, Rússia e China[1]. Sinto informar, entretanto, que ainda não há garantia de que os estudos desenvolvidos terão resultados positivos. Eu torço por isso, claro, mas busco ser realista. Não é sem razão, portanto, que, neste outubro de 2020, considero ser necessário pensar em retomada do que deixamos em algum momento, no novo normal, independentemente do que aconteça no futuro. Os desafios estão colocados aí, em nossa frente. Pensemos sobre, então.
Os primeiros registros do novo coronavírus são do fim de 2019[2]. A partir daí, muito do que fazíamos passou a ser evitado. No Brasil, nada de apertos de mão, abraços ou uma cerveja no bar preferido – ao menos até recentemente. Ao sair, máscara no rosto, álcool-gel no bolso. Depois de fazer compras no mercado, a higienização dos produtos se tornou rotina. Quem diria, não? Os últimos meses têm sido de mudanças, para o bem ou para o mal.
Em uma situação global, a desigualdade aumentou[3]. O desemprego em nosso país cresceu, atingindo 13,3 milhões de pessoas, e isso apenas no mercado formal[4].O Governo Federal teve de criar o auxílio-emergencial, que ficou em R$ 600 após debate no Congresso [5]. Ou seja: o Estado precisou intervir para impedir um aumento ainda mais na pobreza em nosso país. A ironia é que o Executivo foi eleito com discurso liberal. Até nisso a pandemia tocou.
A recuperação será lenta, e o mundo não voltará a ser o que era. Pensar nisso incomoda um pouco, eu sei. Gostamos do que já conhecemos, e isso desde sempre. Mudanças nos atingem, assustam, ainda mais quando envolve todo o planeta. Porque o coronavírus mudou boa parte do mundo e as relações desenvolvidas nele.
Em nível internacional, por exemplo, as companhias aéreas terão trabalho para se manter. Somente com uma vacina eficiente é que muitas pessoas se arriscarão a ir a outro país, o que nos leva a pensar em desemprego em massa no setor neste e nos próximos anos[6], assim como o impacto em cidades que são turísticas, setor hoteleiro etc. Quanto ao Brasil, temos exemplos próximos a nós, maringaenses. Aqui, penso especificamente em dois grupos cuja tendência de mudança veio para ficar: eventos e educação. 1) Eventos presenciais terão de ter uma razão clara para existir: se for possível fazer online sem perder o que eu chamo de experiência, por que não evitar o aumento de gastos? 2) O campo da educação está vivendo mudanças aceleradas. A principal delas, me parece, envolve o ensino remoto online – hoje, uma realidade incontornável, ainda que com uma série de problemas como dificuldade de acesso para muitos alunos. O mundo não irá mudar. O mundo já mudou.
Embora não saibamos como vamos sair dessa, precisamos estar atentos. O que já vivemos até agora indica, mesmo ainda sem muita definição, que o futuro trará novos desafios, mais barreiras a serem vencidas. No caso do atual momento, o futuro é amanhã já. Espero que você e eu estejamos preparados.
[1] Conferir: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53760433 ;
[2]Conferir: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-01-21/novo-virus-chines-tem-contaminacao-entre-humanos.html;
[3] Conferir: https://economia.ig.com.br/2020-07-27/patrimonio-de-bilionarios-brasileiros-cresceu-us-34-bilhoes-na-pandemia.html;
[4] Conferir: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/09/30/taxa-de-desemprego-vai-a-138percent-e-e-a-maior-da-serie-historica-aponta-ibge.ghtml;
[5] Conferir: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/03/30/coronavirus-senado-aprova-auxilio-emergencial-de-r-600;
[6] Conferir: https://www.eurocockpit.be/news/covid-19-thousands-aircrew-redundant.