educação futuro

Educação: hoje e amanhã

 

Há quem diga que 2020 foi um ano perdido para a educação, principalmente para crianças e adolescentes[1], e há quem afirme exatamente o contrário[2]. Para os inseridos no primeiro grupo, são dois os principais motivos: o fato de não ter havido contato entre professores e estudantes e o ensino a distância não ter sido igual nas diferentes camadas da população. Quem discorda, aponta como a tecnologia se mostrou essencial neste momento de pandemia, ratificando a ideia de que a atual geração é, sim, nativa no mundo digital. Vamos pensar juntos sobre isso?

Tenho tentando cada vez mais entender a sociedade em que vivemos por meio de janelas como relacionamento pessoal, comunicação e tecnologia. Essas três áreas citadas têm relação direta com a educação, motivo pelo qual trago esta reflexão neste espaço. Como temos afirmado ao longo das últimas semanas, é impossível pensar 2020 sem colocar o eixo “Pandemia da Covid-19” no radar. Não é diferente, portanto, com a educação. Quanto às afirmações apresentadas no início deste artigo, particularmente eu prefiro o meio termo, pois há aspectos positivos e negativos, como tudo na vida.

De negativo, concordo sobre o fato de o acesso não ser igual para todos. É um problema estrutural no Brasil, visto que há cidades que são tecnológicas e com educação pública relativamente eficiente, como Sobral (CE)[3] e Maringá (PR)[4]. Por outro lado, há bolsões de pobreza com dificuldades que incluem saneamento básico e acesso à moradia. As pessoas não têm nem o que comer, como exigir delas uma conexão estável, um computador que funcione ou mesmo capacidade cognitiva? Um projeto de modernização do Brasil deveria ser pensado. Resolvidas as questões de estruturas, a tecnologia com toda a certeza será um dos próximos caminhos.

O aspecto positivo é que, nesta pandemia, parte das escolas e instituições de ensino superior, inclusive públicas, fez o possível para dar conta da educação de forma remota. Em Maringá, por exemplo, a Universidade Estadual de Maringá forneceu equipamentos de tecnologia e acesso à internet aos acadêmicos[5]. No caso das escolas privadas, o sindicato responsável pelo setor segue acompanhando a situação. Trabalhar junto é possível, necessário, ainda mais em tempos como o nosso.

Há uma ressalva válida no meio termo. A educação pública e gratuita ofertada pelo Estado foi limitada principalmente para crianças e adolescentes, incluindo pessoas que vivem em regiões mais desenvolvidas. No Paraná, por exemplo, o Governo utilizou o Youtube e emissoras de TV para transmitir conteúdo. Qual foi a efetividade? Não é possível aferir ainda, mas creio que não terá sido tão útil quanto como se houvesse aulas remotas como a ofertada pelo ensino privado – obviamente, há uma série de implicações até se atingir esse nível, como os problemas sociais citados acima. Além disso, é necessário haver investimento em professores, tecnologia e estímulo aos cursos de licenciatura, caso o Estado brasileiro queira um futuro melhor na educação.

Não é preciso ser romântico nesse aspecto. O pragmatismo nos ajuda aqui: o ensino também é economia. Uma pesquisa apontou que um ano sem aula pode custar 10% da renda futura dos alunos[6]. A sociedade como um todo tem de se importar com isso. Ainda mais a nossa, brasileira, em desenvolvimento. Não é possível voltar ao passado. A tecnologia, portanto, está e estará cada vez mais presente na educação. Ainda sob a Covid-19, precisamos nos adaptar à sobrecarga mental dos professores e alunos, ao desânimo de parte das pessoas; é necessário ter esperança, força. Precisamos também acionar governantes para que resolvam problemas estruturais no país. O desenvolvimento educacional é tecnológico. Países como a Coreia do Sul[7] avançaram interna e externamente em razão desses dois fatores combinados. Tendo sempre a ver aspectos positivos em locais pouco luminosos. A educação, no atual momento, carrega dúvidas sobre o futuro. Apesar disso, entretanto, podemos afirmar que o futuro é a tecnologia – com ou sem pandemia.

[1] Conferir: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52814564;

[2] Conferir: https://vejario.abril.com.br/cidade/pandemia-escolas-educacao/;

[3] Conferir: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/10/campea-do-ideb-cidade-no-sertao-do-ceara-se-reinventa-na-pandemia-para-manter-lideranca.shtml;

[4] Conferir: https://maringapost.com.br/cidade/2020/09/15/resultado-do-ideb-de-2019-mostra-que-qualidade-do-ensino-no-parana-esta-entre-as-melhores-do-brasil/;

[5] Conferir: http://www.noticias.uem.br/index.php?option=com_content&view=article&id=25019:edital-disponibiliza-emprestimo-de-equipamentos-e-dispositivos-de-dados-para-alunos-da-graduacao-pos-graduacao-e-a-professores&catid=986&Itemid=211;

[6] Conferir: http://danieljose.com.br/renda-futura-alunos/;

[7] Conferir: https://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ553246.pdf.

 

Deixe uma resposta